terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pelo 28 de outubro


Obrigado pelos 30 títulos estaduais, pelo Mundial, pela Libertadores, pelo Penta do Brasileiro, pela Mercosul, pelo bi da Copa do Brasil, pela Copa dos Campeões, pelo Ramón de Carranza, pelas dezenas de torneios estaduais, nacionais e internacionais, pelas dezenas de títulos no remo, no basquete, no atletismo, no vôlei e em todos os esportes amadores, pelo carro da Race League e por Zico.
Neste dia e em todos os outros, rogai por nós, São Judas Tadeu, Padroeiro do Clube de Regatas do Flamengo.
PS- Providencia esse hexa aí, São Judas.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Oração da Noite


Filhos de Caim,
Vós que recebestes da mão de deus
A morte-vida eterna,
Ouvi-me!
O cadáver do juiz
Está dependurado no cadafalso
De seu próprio julgamento.
Eu sou o núncio
Do novo evangelho,
O arauto e o archote
Do Patriarca Notívago.
Ouvi-me que, do átrio
Do novo templo,
Vislumbro os átrios pulsantes
Do encarnado nutriente.
Filhos de Caim,
O silogismo se completa:
Deus criou o mal;
A árvore má dá maus frutos...
O silogismo se completa.
O pai reconhece o filho
No instante do paroxismo mortal.
Vós sois herdeiros do mundo
E eu vos anuncio a herança.
Tragam ao altar, cainistas,
O óbolo há tanto guardado.
Hoje o zigoto do novo tempo se formou,
Hoje a ulceração fatal iniciou-se
No seio dos diurnos...
Vinde, Filhos de Caim,
Vede a evaporação
Das carnes no altar,
Vede o sangue
Das vítimas
E fazeis vossa oração.A noite chegou!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Depois


Suave chama, carne
Arde a alma dos amantes
Noite adentro iluminando
A solidão partilhada.
Corpos satisfeitos
Almas mortas
Solidão partilhada
Fúria amansada
A torrente de antes
Escorre fina e frágil e viscosa
Pelos corpos cansados.
Almas entorpecidas despertam
Solitárias recusam-se uma a outra
Só a solidão é partilhada.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

15 de outubro: uma reflexão e um obrigado


Nos idos anos 80, foi produzido um filme que mudaria minha vida de forma radical e definitiva: Sociedade dos Poetas Mortos. Fiquei pensando se algum professor podia dar a seus alunos o senso de liberdade e de questionamento que o Mr. Keating dava a seus pupilos. Alguns anos depois, Ziraldo deu vida a outro modelo de educador que me encanta em Uma professora muito Maluquinha. O respeito que aquela senhorita dedicava a seus alunos, a forma como incentivava a leitura serve de parâmetro para muitos dos meus colegas e seria um ótimo motivo de reflexão para tantos outros.
Acho que tive sorte. Fui aluno de Claeis, professora primária, daquelas que incentivam, dão bronca e carinho e nos fazem ter saudades. Muitos outros marcaram-me. Química até parecia coisa de gente nas aulas de Antônio Carlos. Dalva e Lea Calvão têm um talento genético para mostrar Literatura de forma prazerosa. Aula de Sílvio Renato Jorge e lá iam as naus por mares nunca dantes navegados. Lúcia Helena e o rosto trasfigurado, elevado, semideusa falando de Clarisse. A voz e a letra da África nas aulas de Laura Padilha. O caldo cultural em que imergíamos nas quase mágicas aulas de José Carlos Barcellos. De fato, tive muita sorte.
Infelizmente, muitos colegas esmoreceram, relaxaram, desistiram. É fato: ganhamos mal, somos pouco valorizados e desrespeitados. Mas, é justamente por isso que ainda somos tão importantes. É justamente por isso que a cada dia temos que pensar e repensar, que temos que nos preparar, que devemos assumir a condição e a responsabilidade de educar. É justamente por isso que devemos vivenciar a esperança.
Precisamos de professores-leitores, que considerem os alunos mais que simples nomes em murais ou soldados a serem monitorados. Precisamos de professores humanos, que tenham ou queiram ter filhos porque acreditam mais na humanidade que em sistemas filosóficos, econômicos ou políticos. Em suma, precisamos de mais Mr Keating, mais professoras maluquinhas. Impossível? Não. Em minha vida tive muitos deles. Claeis, Sílvio Renato Jorge, Laura Padilha, Lúcia Helena, Dalva e Lea Calvão, Antônio Carlos, José Carlos Barcellos... todos de carne e osso, mas cheios daquela mágica luz que separa os professores dos ensinadores, todos com aquele brilho nos olhos que faz a gente lembrar deles com carinho durante toda a vida e repetir “obrigado” baixinho a cada dia 15 de outubro.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Minha estante


As espumas flutuantes levam a jangada de pedra por mares nunca dantes navegados: mensagem. A voz e a letra juntam-se neste mar, levam estas naus, o esplendor de Portugal.
E são cercos e evangelhos segundo este ou aquele, são arcos e liras, cidades e pilares, viagens em minha terra, carrilhões, vermelho e negro, crônicas de mortes que se anunciam. A poeira e os olhos correm sobre os títulos e sobre as cores...
A estante. Palco e altar. Dela retiro tudo o que penso, o que vejo e o que quero. Ali minha memória vira memórias de sargento e de defunto, memórias de jagunços e de capitães e, quando finalmente chega a hora da estrela, vira a memória de minhas putas tristes.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Motivos para fazer versos


Para não ser compreendido,
Para debochar do vulgar,
Para mostrar-me ao mundo,
Para rir, para viver, para tripudiar.
Para me vingar da ignorância,
Para observar as formas,
Para deglutir as funções,
Para furtar-me da vida,
Para criar-descriar-ser-não-ser
Para, simplesmente, não-morrer.