terça-feira, 14 de outubro de 2008

Minha estante


As espumas flutuantes levam a jangada de pedra por mares nunca dantes navegados: mensagem. A voz e a letra juntam-se neste mar, levam estas naus, o esplendor de Portugal.
E são cercos e evangelhos segundo este ou aquele, são arcos e liras, cidades e pilares, viagens em minha terra, carrilhões, vermelho e negro, crônicas de mortes que se anunciam. A poeira e os olhos correm sobre os títulos e sobre as cores...
A estante. Palco e altar. Dela retiro tudo o que penso, o que vejo e o que quero. Ali minha memória vira memórias de sargento e de defunto, memórias de jagunços e de capitães e, quando finalmente chega a hora da estrela, vira a memória de minhas putas tristes.

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