segunda-feira, 26 de novembro de 2007


Eternidade e desconcerto
fluem pela pena
e a pena não é minha:
é repetição do já dito,
mais nada.
As margens do Sena
nunca visto,
as margens do Tejo
sempre adiado,
as margens do São Francisco
visitado nos livros,
as três margens da pena
que não é minha.
A minha pena
só rabisca duas ou três palavras,
só as que me formigam,
mais nada.
Os mitos e os amores
(de reis, soldados ou outros
que valham mais que um sopro)
deslizam pela pena alheia
sem escapar-me aos olhos uma só palavra .
e minha pena,
esferográfica e repulsiva metáfora,
nada me dá que não seja
um rabisco por cima das palavras.
A pena, tinta sobre o papel
(inútil e invalidada)
não é mais que minha vida:
sombra dos outros,mais nada

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