quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Visão


Nunca vira mulher como aquela. Dir-se-ia que flutuava pelas enlameadas ruas daquele fim de mundo. Era Eva, Afrodite, Vênus, Lilith, Artêmis ou qualquer outra visão divina, mas, definitivamente, não era deste mundo medíocre.
Na primeira vez que a viu, pensou que os sentidos o traíam. Um cheiro de jasmim anunciou a mulher e um clarão que cegava a sucedeu. Nada sabia sobre ela, mas se sentia apaixonado. Parecia fantástica, irreal, um conto de Gabriel García Márquez ou coisa que o valha. Uma mulher que era anunciada por jasmim e seguida pela luz.
Temeu não vê-la mais. E, de fato, levou tempo para de novo tê-la em seus olhos já que a tinha sempre e para sempre em seu coração, se é que o coração guarda o amor. Desta feita, viu seu rosto mais detalhadamente e a certeza que já tinha cresceu tanto que explodiu em forma de um copioso riso, como se fora um condenado a rir da morte porque tinha certeza de sua própria inocência. Ela percebeu, mas não riu. Espantou-se, mas continuou pairando sobre a lama do subúrbio e flanando por sobre o mundo.
E passaram-se dias, meses-anos, luas, sóis-nuvens, saudades e vontades. Quando a viu pela terceira vez, soube seu nome: Tereza. Encantado, cantou músicas infantis, aprendeu a flanar, pediu-lhe a mão em casamento, ouviu o redondo não, mas sentiu-se feliz pois ouvira a serenata de Deus.
Normalmente, aqui morreria mais um de meus personagens, não este. Porque quem é capaz de um amor como o dele, que não existe e que ainda assim se sustenta, não morre. Viveu só para sempre, mas viveu sustentando o mundo de amor por séculos e séculos e séculos e séculos e séculos e séculos, amém.

2 comentários:

Anônimo disse...

pocha muito show gostei comtinua assim que vc vai longe (genial)

Edeilza disse...

Que "VISÃO"?????
Parabéns e
obrigada pela indicação....rsrsrsrrs
Beijos.
Edeilza